sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Casamento homossexual

Dia histórico para Portugal, disse o primeiro ministro Sócrates!

Ordenado mínimo miserável e ainda assim contestado pelo patronato, mais de 10% de desemprego, défice equivalente a 100% do PIB, natalidade abaixo da mortalidade. Porém acabou a homofobia... Um dia histórico, este! Eles podem casar com eles. Elas podem casar com elas!

O nosso"primeiro" diz que é histórico. Que acabou a desigualdade.

Agora temos igualdade em coisas diferentes?!...

Só que a igualdade ficou menos igual. Eles e/ou elas que optam pelo mesmo género e "casam" não vão poder adoptar e é pena! É pena porque se eles e/ou elas pensarem em divorciar-se já podem, de novo, adoptar. Afinal o "casamento" vai retirar-lhes direitos. É pena!

Também é pena que eu, parvo, que não concebo estas "(des)igualdades" tenha depositado o meu voto num "sítio" onde não avisaram que estavam com o nosso "primeiro" e, hoje e agora, o usem (o voto) para dizerem que o referendo não faz sentido, que estão mandatados para alterarem hábitos ancestrais, o conceito de família na sua mais pura essência, etc...

... Afinal porque me chamaram a referendo para a lei do aborto e para a lei do regionalismo? Aqui os senhores deputados não estavam mandatados para decidir por mim? Temos pena!... Chamaram-me para a lei do aborto, estupidamente, porquanto a questão do aborto está no âmago de cada uma. Digo cada uma porque é principalmente uma coisa a decidir prioritariamente pela mulher prenhe, por isso faltei. E faltei, cumulativamente, para que Sócrates não ficasse a pensar que o estava a apoiar. Sempre fui assim, algo visionário, algo desconfiado e com receio de ser perdulário.

Depois, aliás antes, veio o regionalismo, coisa que foram incapazes de explicar ao comum dos mortais, por isso faltámos e os "sabe tudo" da Assembleia acabaram por não resolver coisa nenhuma!... E faltei, cumulativa e mais uma vez, para que não ficassem a pensar que estava a apoiar quem sempre me enganou. Sempre fui assim, algo visionário, algo desconfiado e com receio de ser perdulário.

Agora, para o contra-natura acham-se mandatados?... Inaceitável!!!!...

Mais de noventa mil requerem o referendo, coisa que não subscrevi e nem sequer me foi apresentada. Apenas seriam necessários 15 mil subscritores e vêm agora, certos donos do querer e saber, dizer que não se justifica!?... Que estão mandatados para decidir assim ao arrepio de tudo e de todos? Coisa mais falsa!...

Que eu saiba PS+BE não fazem maioria e o PC não propunha no seu programa tais ligações matrimoniais, a menos que tal me tenha escapado (letras miúdas?). Por outro lado, mesmo que assim não fosse, temos os abstencionistas, que o podem ter sido exactamente por não concordarem com semelhantes propostas e estarem hoje democraticamente disponíveis para o referendo, porque não?

Sou absolutamente tolerante. Sempre trabalhei com e para o público. Jamais fui parcial por questões de raça, credo ou de índole sexual. Porém, nesta fase do "campeonato" não estou preparado para aceitar que o meu casamento civil possa ser confundido com a trapalhada hoje aprovada na Assembleia da República. Tão-pouco posso aceitar que, amanhã, me perguntem se os meus filhos ou netos casaram com um homem ou uma mulher. Tenham dó!...

Nunca votei no actual Presidente da República, com quem nunca simpatizei nem simpatizo. Porém, hoje, hipocritamente, como todos os hipócritas que venho observando na vida público-política, vou-me deitar com certa devoção cavaquista, só não rezando por puro ateísmo, para que Cavaco Silva não promulgue o diploma, peça fiscalização constitucional e, por último, vete o que é aberrante. Sempre posso, assim, esperar que o lóbi gay da Assembleia da República não consiga reunir os tais 2/3 necessários para forçar tal norma.
Por tudo isto, no meu íntimo, se o mecanismo funcionar como espero, fico interiormente comprometido à direita do partido pseudo-socialista que nos vem (des)governando e não vou poder deixar de elogiar quem se manteve vertical, chamando os "bois" aproximadamente pelo seu nome, coisa que, em minha opinião, as esquerdas não estão a fazer.
Entretanto acho que vou à pesca. Assim o frio se dissipe e caio fora!...

Ah... Cada vez gosto mais do meu cão e Xico também precisa desanuviar.