Dia histórico para Portugal, disse o primeiro ministro Sócrates!
Ordenado mínimo miserável e ainda assim contestado pelo patronato, mais de 10% de desemprego, défice equivalente a 100% do PIB, natalidade abaixo da mortalidade. Porém acabou a homofobia... Um dia histórico, este! Eles podem casar com eles. Elas podem casar com elas!
O nosso"primeiro" diz que é histórico. Que acabou a desigualdade.
Agora temos igualdade em coisas diferentes?!...
Só que a igualdade ficou menos igual. Eles e/ou elas que optam pelo mesmo género e "casam" não vão poder adoptar e é pena! É pena porque se eles e/ou elas pensarem em divorciar-se já podem, de novo, adoptar. Afinal o "casamento" vai retirar-lhes direitos. É pena!
Também é pena que eu, parvo, que não concebo estas "(des)igualdades" tenha depositado o meu voto num "sítio" onde não avisaram que estavam com o nosso "primeiro" e, hoje e agora, o usem (o voto) para dizerem que o referendo não faz sentido, que estão mandatados para alterarem hábitos ancestrais, o conceito de família na sua mais pura essência, etc...
... Afinal porque me chamaram a referendo para a lei do aborto e para a lei do regionalismo? Aqui os senhores deputados não estavam mandatados para decidir por mim? Temos pena!... Chamaram-me para a lei do aborto, estupidamente, porquanto a questão do aborto está no âmago de cada uma. Digo cada uma porque é principalmente uma coisa a decidir prioritariamente pela mulher prenhe, por isso faltei. E faltei, cumulativamente, para que Sócrates não ficasse a pensar que o estava a apoiar. Sempre fui assim, algo visionário, algo desconfiado e com receio de ser perdulário.
Depois, aliás antes, veio o regionalismo, coisa que foram incapazes de explicar ao comum dos mortais, por isso faltámos e os "sabe tudo" da Assembleia acabaram por não resolver coisa nenhuma!... E faltei, cumulativa e mais uma vez, para que não ficassem a pensar que estava a apoiar quem sempre me enganou. Sempre fui assim, algo visionário, algo desconfiado e com receio de ser perdulário.
Agora, para o contra-natura acham-se mandatados?... Inaceitável!!!!...
Mais de noventa mil requerem o referendo, coisa que não subscrevi e nem sequer me foi apresentada. Apenas seriam necessários 15 mil subscritores e vêm agora, certos donos do querer e saber, dizer que não se justifica!?... Que estão mandatados para decidir assim ao arrepio de tudo e de todos? Coisa mais falsa!...
Que eu saiba PS+BE não fazem maioria e o PC não propunha no seu programa tais ligações matrimoniais, a menos que tal me tenha escapado (letras miúdas?). Por outro lado, mesmo que assim não fosse, temos os abstencionistas, que o podem ter sido exactamente por não concordarem com semelhantes propostas e estarem hoje democraticamente disponíveis para o referendo, porque não?
Sou absolutamente tolerante. Sempre trabalhei com e para o público. Jamais fui parcial por questões de raça, credo ou de índole sexual. Porém, nesta fase do "campeonato" não estou preparado para aceitar que o meu casamento civil possa ser confundido com a trapalhada hoje aprovada na Assembleia da República. Tão-pouco posso aceitar que, amanhã, me perguntem se os meus filhos ou netos casaram com um homem ou uma mulher. Tenham dó!...