Direcção de Veterinária diz que a “ligula intestinalis” nos abletes não é transmissível aos humanos
Parasita detectado em alguns peixes na barragem de Montargil não é perigoso para consumo humano
O assunto foi espoletado por Silvino Bernardo, um pescador de Santarém que, como muitos outros da região, costuma pescar na barragem de Montargil. |
O parasita detectado em peixes da espécie ablete, também designado de “alburno”, na albufeira de Montargil, distrito de Portalegre, não representa um perigo para a saúde pública em caso de ingestão e consumo.
A garantia é dada pela Direcção Geral de Veterinária, autoridade sanitária veterinária nacional, após exames parasitológicos realizados pelo laboratório de patologia do IPIMAR do Instituto Nacional de Recursos Biológicos (INRB/IPIMAR), em articulação com o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR, na albufeira de Montargil, no seguimento de questões colocadas por O MIRANTE.
As dúvidas sobre os efeitos do parasita foram espoletadas por um pescador amador de Santarém. Silvino Bernardo costuma ir pescar a Montargil e numa das ocasiões, a 21 de Agosto, depois de ter ouvido falar no problema levou quatro abletes para casa e analisou-os. “Amanhei-os e tirei deles sete bichos daqueles. Tinham a forma de esparguete, com 15 a 20 centímetros de comprimento. Deitei-lhes água e começaram logo a mexer-se”, conta.
O pescador disse a O MIRANTE que desde essa altura deixou de consumir aquele peixe, como medida de precaução, e enviou a informação ao SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente).
A 6 de Setembro, o laboratório de patologia do IPIMAR do Instituto Nacional de Recursos Biológicos (INRB/IPIMAR) recolheu abletes e realizou exames parasitológicos que diagnosticaram a presença do parasita ligula intestinalis. Segundo o relatório, aquela parasitose não é zoonótica (não é transmissível directa ou indirectamente dos animais ao homem), não existindo, por isso, perigosidade para a saúde pública, uma vez que o homem não intervém no seu ciclo biológico. Apesar disso é reconhecido que o seu aspecto repugnante induza à não utilização para consumo dos peixes infectados.
O MIRANTE acompanhou Silvino Bernardo numa pescaria à beira Tejo, em Santarém, durante a qual apanhou uma série de peixes da mesma espécie que não estavam infectados com o parasita, o que o leva a supor que o problema está circunscrito à barragem de Montargil. A referida barragem fica na ribeira de Sor que nasce no Alentejo, na freguesia de Alagoa, passa na vila Ponte de Sor e na freguesia de Montargil. Ao longo do seu curso a ribeira recebe vários afluentes. O seu percurso é interrompido pela barragem de Montargil e, na freguesia do Couço, junta-se à ribeira da Raia, formando o rio Sorraia.
De acordo com a informação prestada a O MIRANTE pela Direcção Geral de Veterinária, a ligula intestinalis é bastante comum nos peixes de água doce, que funcionam como hospedeiro intermediário. É o caso do ablete ou alburno. Os peixes infectam-se a partir de larvas presentes no plâncton de que se alimentam. Nos peixes parasitados, as larvas evoluem e infectam peixes predadores ou aves que se alimentam dos hospedeiros intermediários.
Espécie introduzida por pescadores desportivos em Portugal
O ablete é um peixe conhecido desde o século XIX, presente em grande parte da Europa. Em Portugal é reconhecida a sua existência, mas ainda em escasso número. Foi recentemente introduzido por pescadores desportivos na barragem do Caia e adaptou-se bem, passando a ser encontrado em muitos rios portugueses. De tamanho pequeno, aspecto prateado, o ablete costuma pesar o máximo de 50 gramas e ter comprimento de 15 centímetros. Habita em ribeiras e albufeiras que possuem águas calmas, claras e bem oxigenadas. O ablete alimenta-se fundamentalmente de larvas e insectos que vão caíndo na água.
( http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=461&id=68017&idSeccao=7337&Action=noticia )
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FINALMENTE,
ResponderEliminarOntem recebi resposta, via e-mail, do Exmºs Senhor Director do SEPNA, com o esclarecimento de que, desde Junho pp, tem "acompanhado o aparecimento de peixes mortos da espécie commumente denominada por "Abletes", bem como a presença de um parasita, quer nos exemplares vivos pescados, quer nos exemplares encontrados mortos, nas Barragens de Montargil - Ponte de Sôr e Maranhão - Avis, efectuando uma recolha de amostras de peixe, a qual, foi entregue na Autoridade Florestal Nacional de Évora."
Continuando:
"Os factos denunciados foram transmitidos de imediato à Administração da Região Hidrográfica do Tejo - Pólo de Portalegre, à Unidade de Gestão Florestal do Alto Alentejo, em Portalegre e ao Exmo. Sr. Dr. Delegado de Saúde de Ponte de Sôr e Avis.
A EPNA/GNR, supracitada, tem realizado inúmeras acções de sensibilização aos locais onde é frequente a presença de pescadores, para evitar o consumo daquele peixe, tendo alguns pescadores até contribuído para fornecer o peixe recolhido para amostragens.
Aguarda-se a qualquer momento informações sobre o resultado das análises laboratoriais, a fim de se fazer uma divulgação correcta e precisa à população.
Estando a Guarda profundamente empenhada na defesa dos valores ambientais...agradece a sua contribuição, etc... "
Infere-se assim que o SPNA/GNR tem vindo, desde há meses, a diligenciar junto de várias entidades oficiais, mantendo-se porém à espera dos resultados das análises laboratoriais, para, enfim poder fazer a necessária divulgação à população.
Tudo bem, apraz-me o esclarecimento que, embora tardio, se agradece.
Porém, a eficácia do Senhor jornalista de "O Mirante" foi assombrosa e incomparavelmente mais célere. Em cerca de oito dias após a notícia, publicou a divulgação à população,já na posse do resultado das análises, com o nome correcto da ténia e por forma a sossegar o "pagode".
Em todo o caso, vamos ficar atentos à posterior divulgação do SEPNA, na esperança de encontrar mais profusa informação sobre o parasita, já que tudo o que encontra na "web", está muito difuso, algo confuso, e em língua estrangeira.
Caro "bloguista", tenho acompanhado este assunto de perto. Não me surpreende que um jornalista tenha obtido os resultados junto da DGVet, muito antes de a entidade que solicitou as amostras dos peixes. Afinal de contas, é assim que funciona neste país, a informação que deveria circular entre as instituições, aparece plasmada nos jornais, vá-se lá saber como.
ResponderEliminarIndignação deve ser demostrada sim senhor, mas pela atitude da DGVet que, uma vez que já existem resultados das análises, porque não os comunicou à GNR???
Imagine-se agora que os resultados das análises não são bem aquilo que é noticiado...
Caro Anónimo, compreendi muito bem o seu ponto de vista e apraz-me que se tenha colocado na "pele" da GNR, que não tinha culpas na falta de informação às populações, por não estar na posse de resultados oficiais. Porém, até hoje, seis meses decorridos, não chegou qualquer outra informação da referida Instituição, da DGVet, Delegado de Saúde, da Hidrográfica, da Gestão Florestal ou de qualquer outra, o que é lamentável.
ResponderEliminarAs licenças de pesca, essas, continuamos a pagá-las, agora por MB, logo sem encargos e, cada vez mais, de costas voltadas para o Estado!