domingo, 20 de maio de 2012

Os Abacateiros

Sempre quis produzir os meus próprios abacates, pretendendo atingir tal fim no meu pequeno quintal. Por isso, desde sempre tive aqui ao menos um exemplar. Assim sempre possuo folhas para fazer as minhas infusões por forma a controlar os meus antigos cálculos renais e, por outro lado, gosto da estética e das cores da folhagem dessas árvores especialmente enquanto jovens.

Quanto a fruta não tenho sorte nenhuma. 
O meu primeiro abacateiro viveu  junto ao portão de serviço por vários anos sem que ao menos florisse. Por tal motivo, por conselhos diversos, agredi-o várias vezes à paulada e retalhei-lhe o tronco selvaticamente. Por isso ou talvez não, o desgraçado em certa altura começou a florir, só que fruta, nicles!

Consegui a informação cientifica sobre tal fracasso através da voz sábia de um engenheiro brasileiro, professor dos serviços agrícolas do pais irmão.

Grosso modo, é assim:

Existem diversas qualidades destas árvores. Umas de folha caduca, outras perene. 
No meu caso, as folhas caíam imediatamente antes da sua profusa florada, começando, logo após, o regresso das viçosas folhas.
Em qualquer dos casos as árvores são férteis, porém catalogadas em espécies da classe A ou B, sendo que umas abrem o estigma e anteras de manhã e outras de tarde, coisa que precisamos observar.

Não recordo a que classe pertencia a minha, só sei que precisava que os ventos e insectos polinizassem as suas flores com o pólen de uma outra de letra diferente, que havia de se encontrar a 200/300 metros, mas que provavelmente não existia, já que as expectativas de frutificação sempre abortaram.

Dada a exiguidade do espaço, não fiz a opção recomendada de plantar uma segunda árvore, recorrendo à segunda opção: a enxertia com galhos de diferente classe, por forma conseguir uma árvore autofértil.

Azar, todos os enxertos resultaram pecos!
E porquê?
- Ao que parece por o cavalo (porta-enxerto)  ser demasiado duro (adulto), isto a crer nas pesquisas que tenho efectuado, sendo que não encontro literatura técnica por forma a "arquivar" dúvidas.

Em consequência do explicitado, resultou a condenação da minha vítima à pena capital.

Presentemente tenho vários abacateiros de semente, criados por mim. Um em plantio definitivo e outros "sofredores" envasados, ontem todos em condições de me darem o mesmo tipo de problema que o já extinto.

Por isso, aproveitando o tempo fresco intervencionei  com enxertias quatro dos exemplares, não seguindo os hábitos temporais relativamente a enxertos de autóctones ou não exóticas.

Pelo conhecimento empírico, faço enxertos de borbulhia, escudo, encostagem ou pé de cabra no vigor do verão a que chamo "renovo", o que ocorre em pessegueiros e similares por volta de Julho/Agosto, com resultados satisfatórios.

Porque os abacateiros estão agora nessa fase de vigor (tal como o dióspiro, caqui no Brasil), atrevi-me a fazer as enxertias, com uma fé relativa, mas que posso repetir mais adiante se voltar a ocorrer a pecagem.

Aqui ficam os "bonecos":







Num dos casos (sem foto) optei por fazer um alporque logo acima das enxertias. 
Fi-lo porque, numa nespereira com alporque para bonsai (?) em menos de um mês está a ocorrer o rebento de novos brotos no tronco, logo abaixo da intervenção.

Seguindo esta lógica, tenho a expectativa de que, face à laboração da seiva antes do alporque, recairá benefício para a enxertia a "meio caminho", esperando que tal força não "expulse" o implante, que julgo bem seguro por fita plástica autocolante.

Já agora e porque de caminho fiz umas fotos de alguns projectos de bonsai e outras "sofredoras", segue reporte:

Ficus retusa

Zambujeiro

Idem

Projectos bonsai
Gojieiro
Como novidade exótica, continua espectacular num pequeno vaso, uma só panta.
Calamondin.
Agora surgiram flores no porta-enxerto. Por curiosidade estou a pensar ver o resultado.
   
Projecto bonsai com meia dúzia de anos.
(não sei o nome da planta)

Por último fica o nosso azevinho com duas das várias alporquias, com que pretendo propagar o seu adn, eventualmente para oferta e talvez um para bonsai:

Ilex aquifolium (silver queen)
A fechar, fica a ideia de um poste sobre as minhas alporquias, seu sucesso ou insucesso e reporte fotográfico da tal nespereira que promete engordar o meu empirismo.
Mais tarde falarei também do resultado da intervenção nos abacateiros.